É comum que as crianças passem por fases de mudanças em seu comportamento, especialmente durante transições significativas, como a entrada na escola. Se você tem um filho extrovertido que, de repente, se tornou mais tímido e agarrado a você, pode ser um sinal de que ele está tentando se adaptar a um novo ambiente. Nesse processo de adaptação, algumas atitudes podem parecer diferentes ou até um pouco preocupantes para os pais, mas, geralmente, isso faz parte do desenvolvimento emocional e social da criança.
Neste artigo, vamos explorar como as transições escolares impactam as crianças, como respeitar o ritmo delas e como os pais podem apoiar seus filhos em momentos de mudança sem forçar um comportamento que não corresponde ao seu momento de vida.
A Transição Escolar: Uma Mudança Importante
Quando uma criança entra na escola, especialmente na educação infantil, ela enfrenta uma grande mudança. Aquele ambiente mais familiar da creche ou da escola anterior é substituído por um novo espaço, com novas rotinas, novos colegas e diferentes expectativas. Para muitas crianças, essa transição pode ser um pouco desafiadora.
Se a criança sempre foi extrovertida e agora começa a evitar interações, como por exemplo, se afastando de outras crianças no parquinho, isso pode ser uma forma de lidar com o novo ambiente. A nova estrutura da escola pode ser cansativa e até um pouco assustadora, o que leva a criança a se sentir mais insegura e, consequentemente, mais isolada ou distante dos outros.
Respeite o Ritmo da Criança: Cada Um Tem seu Tempo
É fundamental lembrar que, embora a sociedade valorize comportamentos extrovertidos, cada criança tem sua própria personalidade. Algumas crianças são naturalmente mais introvertidas, enquanto outras se destacam por sua facilidade em fazer amizades e se comunicar. Isso é completamente normal e faz parte do desenvolvimento emocional.
Se sua filha tem se mostrado mais reservada ou tímida nos primeiros meses de escola, isso não significa que ela tenha se tornado uma pessoa introvertida, nem que você tenha falhado em estimulá-la a fazer amigos. Muitas vezes, essa mudança pode ser apenas uma adaptação ao novo contexto escolar. Ela pode, por exemplo, estar mais observando do que participando ativamente. Isso não é motivo para preocupação, mas sim uma fase que passará conforme ela se sentir mais confortável e segura no ambiente escolar.
Como Ajudar sem Forçar
É natural que os pais queiram ver seus filhos fazendo amizades e interagindo com outras crianças, mas é importante evitar forçar a situação. Incentivar, sim, mas de maneira sutil. Em vez de dizer diretamente: “Pergunte se você pode brincar com eles”, tente algo mais indireto: “Olha, aqueles meninos estão brincando de um jogo legal. O que você acha de perguntar se pode participar também?” Isso permite que a criança se sinta mais à vontade para decidir se quer ou não interagir, sem pressão.
Dar liberdade para que ela escolha como agir nas interações sociais aumenta sua confiança. Mesmo que ela recuse a oportunidade, você pode perguntar o que ela pensa sobre a situação, para entender melhor seus sentimentos e ajudá-la a lidar com suas emoções.
Perguntas Abertas: Entenda o que Está Acontecendo na Cabeça dela
Embora sua filha seja muito pequena, fazer perguntas simples pode ajudá-la a refletir sobre como se sente em relação às novas interações sociais. Tente perguntar logo após o momento em que ela não se envolveu com outras crianças, para entender melhor o que aconteceu. Algumas perguntas que podem ajudar incluem:
- “O que você acha que aconteceria se fosse até lá e pedisse para brincar?”
- “Que tipo de criança você gosta mais de brincar?”
- “Como você se sente quando pede para brincar com outras crianças? Às vezes, a gente fica com um pouco de vergonha, não é?”
- “E quando outras crianças estão brincando com os amigos delas e você está brincando sozinha, como se sente?”
Essas perguntas mostram que você se importa com o que ela está sentindo, e não apenas com o que ela está fazendo. Com isso, você poderá ajudá-la a lidar com suas inseguranças, oferecendo apoio emocional sempre que necessário.
Mudanças de Vida e Seus Efeitos no Comportamento
Mudanças significativas na vida da criança, como a perda de um ente querido, uma mudança de casa ou até mesmo o impacto de uma pandemia, podem influenciar o comportamento social dela. Essas experiências geram incertezas e podem tornar a criança mais cautelosa ou até mesmo mais reclusa.
Se sua filha passou por algo que mexeu com seu emocional recentemente, isso pode explicar a mudança de comportamento. Por exemplo, durante a pandemia de COVID-19, muitas crianças, que estavam acostumadas a interagir socialmente, sentiram-se mais inseguras ao voltar a ter contato com outras crianças após meses de isolamento. No caso dos mais velhos, como as crianças da escola primária, o afastamento social pode ter dificultado o processo de reintegração social.
O que Fazer para Apoiar a Criança
A melhor forma de apoiar seu filho durante essas fases de mudança é ouvir e mostrar empatia. Quando você entende o que está acontecendo na cabeça dele, pode dar orientações mais sensíveis e adequadas às necessidades emocionais do momento. Evitar a pressão e dar tempo para que a criança se ajuste ao novo ambiente são atitudes que ajudam no fortalecimento da sua autoestima e confiança.
Lembre-se: o papel dos pais não é moldar a criança de acordo com suas expectativas, mas ajudá-la a crescer e se desenvolver de maneira saudável, respeitando sua individualidade.
O Melhor Apoio é o Entendimento
Embora os pais possam ensinar habilidades sociais e incentivar a interação com os outros, a maneira mais eficaz de ajudar seu filho a se desenvolver é escutando suas preocupações e respeitando seus sentimentos. Quando uma criança se sente compreendida e aceita, ela tende a se abrir mais, permitindo que você a oriente de forma mais eficaz.
Entender o momento de cada criança e dar espaço para que ela se desenvolva de acordo com seu próprio ritmo é a chave para que ela se torne uma pessoa confiante, capaz de se relacionar e expressar seus sentimentos de maneira saudável. Ao dar apoio emocional e promover um ambiente de compreensão, os pais ajudam seus filhos a enfrentar essas transições com mais segurança e tranquilidade.