Os números são referentes aos 7 primeiros meses deste ano e retratam o cenário de recém-nascidos do brasil sem o nome do pai.
Desafios e Reflexões sobre o Abandono Paterno no Brasil: Uma Análise dos Números de 2022
O cenário do abandono paterno no Brasil durante os primeiros sete meses de 2022 revela números preocupantes. Nesse período, foram registrados 100.717 bebês sem a presença do nome do pai, representando 6,5% do total de recém-nascidos, que atingiu a marca de 1.526.664. Esses dados, disponíveis no Portal da Transparência do Registro Civil, sob a seção “Pais Ausentes”, pintam um quadro impactante sobre a realidade do abandono paterno em nossa sociedade.
Consequências da Ausência Paterna: Um Desafio Complexo para as Famílias
A ausência paterna, especialmente destacada durante a pandemia, não é apenas uma questão estatística. Esses números têm implicações diretas e significativas para as famílias afetadas. As consequências abrangem desde aspectos econômicos, onde ambos os genitores deveriam compartilhar a responsabilidade de prover para a criança até a idade adulta, até o impacto emocional, refletido na sobrecarga materna e nos desafios enfrentados pelos filhos ao longo da vida.
Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), enfatizou a importância desses números como base para a formulação de políticas públicas. Ele ressaltou que tanto pai quanto mãe são responsáveis pela criação dos filhos, e é crucial compartilhar as responsabilidades. Embora cada família tenha sua realidade única, os dados fornecem subsídios para ações e políticas que visem fortalecer o papel paterno na sociedade.
Registro de Paternidade: Procedimentos e Facilidades Legais
É relevante observar que, desde 2012, existe a facilidade de realizar o procedimento para reconhecimento de paternidade em qualquer Cartório de Registro Civil. Esse processo dispensa a necessidade de uma decisão judicial, desde que todas as partes envolvidas estejam de acordo. Gustavo Renato Fiscarelli destaca que essa iniciativa pode partir do pai, que só precisa comparecer ao cartório com a cópia da certidão de nascimento do filho e obter a anuência do mesmo ou, se menor de idade, da mãe.
Outro ponto importante, implementado desde 2017, é a possibilidade de reconhecimento de paternidade socioafetiva. Esse reconhecimento é viável quando existem vínculos de afeto, mesmo que não biológicos. Para isso, é essencial o consentimento tanto do pai quanto da mãe biológicos. Essa abordagem é especialmente significativa em situações envolvendo padrastos ou madrastas que desejam assumir todas as responsabilidades em relação à criança, incluindo questões futuras relacionadas à herança.
Desafios Superados: Reforçando Vínculos Paternos e Oportunidades de Mudança
Diante desses desafios, é fundamental destacar as oportunidades de superação. O reconhecimento facilitado da paternidade em cartório, aliado à possibilidade de reconhecimento socioafetivo, oferece uma estrutura mais flexível para fortalecer os laços paternos. As mudanças legais visam tornar o processo mais acessível e menos burocrático, promovendo a participação ativa dos pais na vida de seus filhos.
Olhando para o Futuro: Educação e Conscientização
Além das medidas legais, é crucial investir em educação e conscientização sobre a importância do papel paterno. Iniciativas que abordem as responsabilidades, o impacto positivo na vida dos filhos e a construção de relacionamentos saudáveis devem ser promovidas. Ações governamentais e da sociedade civil podem desempenhar um papel fundamental nesse processo, incentivando uma mudança cultural e social em relação à paternidade.
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Considerações Finais: Construindo uma Sociedade com Pais Presentes
Em última análise, os números de abandono paterno refletem um desafio complexo, mas não insuperável. Através de políticas públicas eficazes, educação e conscientização, é possível construir uma sociedade em que os pais estejam presentes e ativos na vida de seus filhos. Cada ação no sentido de fortalecer os laços familiares contribui para um futuro mais promissor, onde a paternidade seja valorizada e cultivada como um pilar fundamental da sociedade.