Mães na Pandemia: Um retrato alarmante da disparidade de gênero no mercado de trabalho
Dezembro: um mês ruim para as mulheres trabalhadoras.
Enquanto o mundo ainda luta contra a pandemia do coronavírus, um novo relatório do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS) traz notícias devastadoras para as mulheres: todos os 140.000 empregos perdidos em dezembro de 2020 eram de mulheres. Dez meses após o início da crise sanitária, as mães trabalhadoras continuam arcando com o peso desproporcional da pandemia, assumindo a responsabilidade de proteger suas famílias e a comunidade em detrimento de suas carreiras.
Números gritantes: um retrato da disparidade de gênero.
A análise do National Women’s Law Center (NWLC) revela um cenário alarmante: em dezembro, enquanto os homens conquistaram 16.000 novos empregos, as mulheres perderam 156.000. As consequências da pandemia são devastadoras para as mães, que não estão recebendo o apoio necessário para conciliar trabalho e família.
Um êxodo feminino da força de trabalho.
Embora 27.000 mulheres tenham ingressado no mercado de trabalho no último mês, esse número é ínfimo em comparação com as milhares que o abandonaram desde o início da pandemia. No ano passado, quase 2,1 milhões de mulheres deixaram seus trabalhos, incluindo 564.000 mulheres negras e 317.000 mulheres latinas, grupos desproporcionalmente afetados pela crise. Apenas em dezembro, 154.000 mulheres negras foram forçadas a sair do mercado de trabalho, muitas vezes para cuidar de seus familiares em casa.
Desemprego em ascensão: as minorias mais impactadas.
O NWLC também destaca que, em comparação com as mulheres brancas, as taxas de desemprego entre mulheres negras e latinas dispararam durante a pandemia, já sendo significativamente mais altas antes da crise. As mulheres brancas iniciaram 2020 com uma taxa de desemprego de 2,8%, que saltou para 5,7% no final do ano. Já as taxas de desemprego entre mulheres negras e latinas subiram de 4,9% para 8,4% e de 5,7% para 9,1%, respectivamente.
Relatos que confirmam a realidade alarmante.
Essa disparidade de gênero não é novidade. Em setembro de 2020, um relatório já apontava que mais de 800.000 mulheres haviam deixado o mercado de trabalho, muitas delas para cuidar de filhos ou outros membros da família em casa. Michael Madowitz, economista do Center for American Progress e pai, resumiu a situação no Twitter: “Sabíamos que isso aconteceria. Mas dezembro é um desastre para as mulheres trabalhadoras. 865.000 mulheres abandonaram a força de trabalho. 216.000 homens, por outro lado.”
Exaustão e falta de apoio: um dilema para as mães.
Um relatório da McKinsey Company e do Lean In de Sheryl Sandberg, realizado no outono de 2020, revelou que 1 em cada 4 mulheres considera mudar de carreira ou abandonar totalmente o mercado de trabalho. As principais razões para essa situação são a necessidade de estar disponível 24 horas por dia, as dificuldades em conciliar trabalho e responsabilidades familiares, o medo de serem julgadas por precisarem de flexibilidade de horário e o esgotamento físico e mental.
“Algumas empresas podem pensar que se preocupar com o esgotamento dos funcionários é um luxo que não podem pagar agora. Na verdade, é crucial para a sobrevivência dos negócios. Se as empresas não agirem agora, podem perder milhões de mulheres e retroceder anos em termos de diversidade de gênero”, escreveram Sheryl Sandberg e Rachel Thomas no relatório.
Mães: sobrecarregadas e sem apoio.
Outras pesquisas durante a pandemia demonstram que, mesmo em casais heterossexuais com ambos os pais trabalhando em casa, as mães continuam assumindo a maior parte das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos. Com muitas creches fechadas, inacessíveis ou inseguras para famílias com membros de alto risco, as mães arcam com o peso extra. Sem o apoio do governo, o acesso à creche continuará fora do alcance de muitas famílias nos próximos meses.